Publicado em 1987, A Epópeia da Ilha da Madeira foi escrito pelo Rev. Manuel Porto Filho. O livro conta a história de Robert Reid Kalley, cidadão britânico, escocês, nascido em 1809, e falecido em 1888.
É um livro raro, difícil de encontrar.
No entanto o personagem que o livro apresenta é uma pessoa a que a história deve honrar.
Robert Reid Kalley foi médico, e primoroso em sua profissão, ajudou a muitas pessoas com o seu trabalho.
Mas sua influência e atuação, porém, não se restringiu a este aspecto.
O Dr. Kalley pode com justiça ser considerado um dos grandes homens do século 19 no que diz respeito ao trabalho missionário, de alfabetização e liberação social. Era com certeza um homem à frente de seu tempo.
No livro em questão, a sua atuação na Ilha da Madeira é contada pelo escritor Manuel Porto Filho com base nos documentos e testemunhos acerca da passagem do médico por aquela ilha.
Livrosefilmes adiciona o comentário acerca desta obra aos seus artigos em razão da impressionante história de Robert, de sua coragem e de seu exemplo.
Kalley chegou à Ilha da Madeira em 12 de Outubro de 1838, e encontrou naquela região grande carência de atendimento médico e de alfabetização.
Por esse tempo, o médico já se tinha tornado um cristão e era zeloso de sua convicção. Ele cria que a condição de abandono humano não era algo que agradece a Deus, e por onde passava buscava amenizar tais condições.
Utilizando a Bíblia como texto base, Kalley ajudou milhares de pessoas a aprenderem a ler.
Ao contrário de muitos missionários, Kalley não ofendia as culturas locais e buscava manter boas relações com os governos e ministros da religião do Estado Português de seu tempo e com a população.
No entanto, sua posição e ação foram combatidas por pessoas com interesses políticos e econômicos, que não desejavam nem que a população simples da ilha tivessem acesso à alfabetização, e médicos e farmacêuticos que se sentiram ofendidos com as práticas favorecedoras aos pobres, que o médico escocês atendia de graça – custeando inclusive remédios para eles, enquanto cobrava dos mais abastados.
Alguns clérigos, mas não todos, se sentiram ofendidos com as reuniões de Kalley, as quais atraíam muitas pessoas e que ele fazia sem guardar segredo, e até mesmo com a anuência dos párocos.
Kalley chegou a receber reconhecimento público e oficial por seu trabalho na Ilha. Mas, com o passar do tempo, as perseguições se tornaram reais e explícitas, mas o corajoso médico mesmo assim continuou suas atividades filantrópicas, educacionais e missionárias.
Por fim, após pessoas que o ouviam serem ameaçadas e até sofrerem forte violação de direitos e também violências físicas, o médico foi obrigado a sair daquela ilha a fim de salvar a própria vida, a vida de sua família e para que as violências instigadas por aqueles que o queriam expulso ou, de preferência, morto, pudessem ser acalmadas.
Kalley arriscou-se de uma forma a que poucos são capazes a fim de fazer o que acreditam ser correto.
É um exemplo de fé, de dedicação aos seus ideais, de perseverança e também de estratégia.
É um líder, idealista, educador, médico e missionário cuja história merece ser divulgada.
Ele veio para o Brasil algum tempo depois de deixar a Ilha da Madeira, e chamou outras pessoas a acompanhá-lo, inclusive alguns dos que com ele tiveram de fugir da Ilha. Aqui fez trabalho similar e muito significativo para toda a sociedade.
Mais uma vez provou também aqui ser um missionário e um médico de qualidade acima da média, um ícone a ser estudado e conhecido por tantos quantos queiram aprender como lidar com as intempéries e tribulações que os verdadeiros líderes e homens de caráter tem de enfrentar.
Há artigos interessantes que podem ser acessados para se conhecer um pouco mais sobre Kalley, e que citam algumas obras de referência (procure artigos na Wikipedia, e também no site do Instituto Presbiteriano Mackenzie).
Alderi Matos escreveu um trabalho interessante a respeito, e há outros livros que livros e filmes irá em breve comentar que fazem referência a este médico e missionário.
A Robert Kalley se deve, entre outras coisas, o início da celebração pública do cristianismo em língua portuguesa no Brasil e o direito de pessoas não católicas terem o direito de sepultar os corpos de seus falecidos em cemitérios públicos.
A Epopéia da Ilha da Madeira é um livro não mais impresso; porém, caso haja interesse, qualquer de nossos leitores pode entrar em contato conosco pelo nosso formulário de contato, e poderemos buscar alternativas corretas e legais para que o texto possa ser colocado à disposição.
Uma pessoa que tem contribuído no Brasil para o resgate da memória e do valor do trabalho de Kalley e de sua esposa Sara é o escritor e professor Douglas Nassif Cardoso.
Vários de seus trabalhos tocam nos pontos importantes da vida dos Kalley. William B. Forsyth escreveu um livro interessante acerca de Robert, disponível tanto em Inglês quanto em Português.
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